sexta-feira, 25 de março de 2016

Autoconfiança também pode ser nociva.

Na postagem anterior falamos sobre pessoas que tem pouca autoconfiança e suas possíveis consequências. Hoje falaremos de como essa característica pode ter um efeito indesejável na vida de uma pessoa. Tem uma frase de Nando Stein que retrata bem o que quero dizer:

"Nunca se ache demais, pois tudo que é demais sobra, tudo que sobra é resto, e tudo o que é resto vai pro lixo."

Aqueles que são excessivamente autoconfiantes costumam apresentar uma postura dominante e exercem capacidade de realização admirável. Essa característica pode ser boa e necessária em alguns contextos, especialmente quando demanda competição. Porém, se ela não estiver associada a outras características como autocontrole, modéstia, respeito ao próximo, causará mais prejuízos do que benefícios.

A autoconfiança quando muito excessiva pode denotar soberba, arrogância, características que não são nada atrativas! Pelo contrário, afasta as pessoas, fazendo-as sentirem-se diminuídas ou gerando disputa com elas. O relacionamento com alguém assim acaba se tornando tenso, conflituoso, ou distante, pois o autoconfiante excessivo tem dificuldades em aceitar a opinião dos outros, acreditando que a suas ideias e feitos são sempre melhores. Geralmente é inflexível, prefere tomar decisões sozinho e fazer tudo do seu jeito. Não aceita críticas e/ou costuma interpretá-las como um ato de inveja daquele que "não sabe fazer melhor".

Outra consequência desse comportamento, é que, pelo fato da pessoa ser confiante demais, poderá assumir riscos não calculados e ter prejuízos em vários aspectos da vida: familiar, social, financeiro, profissional. Essas consequências podem afetar a si mesmo e outras pessoas envolvidas. É o caso de um empresário que decide, sem ouvir outras opiniões, apostar todas as economias em um novo empreendimento, e não tem sucesso, gerando assim prejuízos irreversíveis, prejudicando a si mesmo, sua família e seus funcionários.

Para combater este mau hábito o indivíduo precisa primeiramente admitir o exagero e reconhecer que tem muito a aprender, que não deve "massacrar" opiniões e vontades alheias. A autoconfiança precisa caminhar junto com a humildade.

Autoconfiança: uma fábrica de "pérolas".

Muitas pessoas chegam ao consultório de psicologia parecendo uma ostra, fechadas em seu mundo de inseguranças, sentindo-se totalmente limitadas, com medo de se expor, de enfrentar os riscos que a vida "lá fora" possa oferecer. Pessoas assim geralmente possuem uma auto estima negativa, pautadas em crenças distorcidas que foram adquirindo ao longo de sua história, por meio de relacionamentos pouco saudáveis e por tentativas frustravas de sucesso em algumas áreas. A falta de auto confiança faz com que a pessoa paralise, retroceda, e perca muitas oportunidades. Sem contar os inúmeros prejuízos emocionais e sociais que são gerados.


Uma característica marcante de uma pessoa insegura é a dificuldade em expor suas opiniões, sugestões, críticas, especialmente diante de pessoas que julga serem melhores ou mais importantes que ela, pois não acredita que suas ideias possam ter valor. Também costumam fazer o possível (ou mais) para agradar os outros, não conseguindo negar solicitações diversas que estão além de sua vontade ou condições de realizar. Esse comportamento pode ter o intuito de compensar as limitações que julga ter e conquistar aceitação, ou simplesmente porque não suporta a ideia de ser (mais) rejeitada. Para manter ou conquistar o respeito de outros, o indivíduo acaba desrespeitando a si próprio, sem perceber que isto, embora momentaneamente pareça positivo, gera uma relação de dependência àqueles que pedem socorro, (é muito bom recorrer a alguém que a gente sabe que sempre dará um jeitinho de nos ajudar, não é?).

Por isso, aqueles que convivem com alguém assim precisam tomar cuidado para não se aproveitar da disposição que eles tem em agradar e servir, porque não estarão contribuindo para sua melhora, e a médio e longo prazo, ele perceberá que a relação foi estabelecida por interesse, fazendo crescer sua sensação de pouco valor e baixa autoconfiança.

As "ostras" humanas, geralmente desconhecem as pérolas que carregam, ou não sabem o valor que elas possuem e pelo fato de não mostrá-las ao mundo, perdem a oportunidade de receber o reconhecimento alheio, o qual é fundamental na construção da autoconfiança.

Para uma "ostra" sair desta condição é necessário aprender a desvendar e fortalecer suas qualidades, desenvolver novas habilidades e ter coragem de mostrá-las, sem medo dos julgamentos alheios, tendo a certeza de que sua capacidade de produzir "pérolas" não tem limites, é dado gratuitamente por Deus.